A Falsa Paz de Quem Nunca Incomoda
- 25 de ago.
- 3 min de leitura
A falsa paz é aquela que se mantém às custas do próprio silêncio. É o acordo invisível de nunca incomodar, de evitar conflitos a qualquer preço, de se moldar para manter a harmonia aparente. Mas essa paz não é serenidade — é autoabandono. Neste artigo, vamos entender como reconhecer a falsa paz e substituí-la por uma harmonia que inclua a sua voz.

A Falsa Paz de Quem Nunca Incomoda
“Você pode ser gentil e, ao mesmo tempo, não se abandonar.”
— Marshall Rosenberg
Há um tipo de paz que parece virtuosa… mas cobra um preço alto.
É a paz de quem cede sempre.
De quem não discorda.
De quem engole a frustração em nome da harmonia.
Essa paz não é serenidade — é autoabandono vestido de maturidade.
O elogio invisível dos que nunca dizem “não”
Pessoas que evitam conflitos são, muitas vezes, admiradas.
Chamadas de “equilibradas”, “generosas”, “fáceis de lidar”.
Mas, por dentro, o que existe não é facilidade — é esforço.
Elas fazem concessões silenciosas. Suavizam suas verdades. Distorcem os próprios limites para preservar vínculos frágeis.
E quanto mais conseguem manter o ambiente “em paz”, mais o mundo supõe que elas não sentem nada.
Ou pior: que elas não têm nada a dizer.
Quando a harmonia se torna uma estratégia de sobrevivência
Evitar atrito nem sempre é covardia. Às vezes, é uma estratégia que foi aprendida cedo demais.
Crianças que viram gritos se transformarem em castigos aprendem a calar.
Adolescentes que não foram escutados aprenderam a não falar.
Adultos que foram rejeitados ao dizer o que sentem, treinaram-se para parecer bem — mesmo quando tudo em si pedia espaço.
O resultado é um tipo de autoabandono que parece maturidade.
Mas é exaustão.
Porque, por trás de cada “tudo bem” forçado, há um eu que está se perdendo.
O silêncio como preço de permanência
Nem sempre a questão é o medo do conflito em si.
Às vezes, o que paralisa é o medo de deixar de pertencer se houver discordância.
Como se qualquer limite estabelecido pudesse ser interpretado como ameaça.
Nesse cenário, o sujeito só tem duas opções:
silenciar para continuar... ou falar e arriscar o afastamento.
E então ele silencia.
Mas permanece em relações onde só a metade mais conveniente de si tem permissão para existir.
A reconciliação com a própria nitidez
Recuperar-se do autoapagamento não exige uma revolução — exige um movimento sutil, mas corajoso: a escolha de se incluir.
• Incluir sua voz na conversa.
• Incluir sua vontade na decisão.
• Incluir seu desconforto nas relações.
E isso não significa ser ríspido, explosivo, autoritário.
Significa apenas sair da condição de peça de encaixe universal — aquela que se molda a qualquer fresta — para tornar-se alguém com forma própria.
A paz verdadeira não é aquela em que ninguém se incomoda.
É aquela em que todos têm lugar, inclusive você.
“A paz que custa a própria verdade é uma trégua perigosa.”
— Clarissa Pinkola Estés
Você não precisa deixar de ser gentil.
Precisa apenas incluir sua verdade na gentileza.
Porque uma paz sustentada pelo seu silêncio não é paz.
É desaparecimento.
Andrés De Nuccio
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