A mente inquieta: quando o corpo para, mas você não descansa
- 22 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de ago.
A mente inquieta é aquela que não para mesmo quando o corpo desacelera. Você pode se deitar ou sentar, mas, por dentro, os pensamentos continuam girando. Essa agitação mental não é descanso — é reação automática, fruto de condicionamentos e da dificuldade de permanecer em silêncio. Neste artigo, vamos entender por que isso acontece e como recuperar o verdadeiro repouso interno.

A mente inquieta: quando o corpo para, mas você não descansa
“Você deita o corpo... mas a mente continua de pé.”
— Provérbio zen
Você senta. Ou deita. Ou desacelera.
Mas, por dentro, continua girando.
A mente não respeita o corpo. Ela prossegue — reencenando conversas, listando tarefas, pulando entre imagens, sons, ideias, hipóteses.
A pausa externa está feita.
Mas a interna… nem começou.
Esse descompasso é mais comum do que parece.
E ele não se resolve com técnicas para relaxar.
Porque o que está em jogo não é a ausência de descanso —
é a perda da autoridade interna sobre o próprio espaço mental.
O hábito de pensar como um reflexo condicionado
A mente se move porque aprendeu a se mover.
Pensar não é apenas uma função — é um reflexo.
Assim como a mão recua diante do fogo, a mente se lança em atividade sempre que há um espaço livre.
Ela foi condicionada a preencher lacunas.
Silêncio, pausa, incerteza… tudo isso ativa o impulso automático de preencher com alguma coisa.
Isso não é pensamento criativo, nem reflexão deliberada.
É ocupação automática.
Uma sequência de estímulos, respostas e projeções que não pedem sua permissão para acontecer.
A mente inquieta não pensa — ela reage
Pensar deveria ser um ato soberano.
Escolhido. Deliberado. Direcionado.
Mas quando a mente está inquieta, ela não está pensando:
Está reagindo a impulsos internos e externos, como um animal hipersensível ao menor movimento.
Basta o corpo parar…
e ela se agita:
“Será que esqueci algo?”
“E se acontecer aquilo?”
“Como poderia ter dito diferente?”
“Que horas mesmo é a reunião?”
É como um guarda que não desliga o alarme nem quando tudo está em paz.
O “si mesmo” que é eclipsado pela ocupação contínua
Quando a mente gira sem cessar, perdemos algo precioso: o contato com o si mesmo.
Mas o que é esse “si”?
Não é uma ideia. Nem uma história. Nem um julgamento.
É a presença silenciosa que percebe os movimentos da mente.
É o espaço onde os pensamentos acontecem — e não os pensamentos em si.
Quando a mente se identifica apenas com o conteúdo dos pensamentos, ela perde a referência dessa presença silenciosa.
Ela se confunde com os ruídos que produz.
E o resultado é um estado sutil de alienação de si:
estamos em nós, mas não conosco.
O repouso começa quando a mente deixa de ocupar tudo
A inquietação não é cansaço. É defesa.
É como se o silêncio representasse uma ameaça.
Mas ele não é ameaça. É a única condição onde algo novo pode ser percebido.
Repousar, então, não é apenas relaxar os músculos.
É cessar a compulsão de preencher tudo com conteúdo mental.
A mente só descansa quando deixa de se identificar com o que pensa e passa a observar que está pensando.
Esse instante — ínfimo, silencioso, quase imperceptível — é onde começa o verdadeiro descanso.
“A mente inquieta não precisa ser combatida. Precisa ser vista.”
— Nisargadatta Maharaj
Você não precisa parar de pensar.
Precisa perceber quem é você quando não está ocupado com seus próprios pensamentos.
Essa é a pausa real.
E dela nasce a paz — não como experiência sensorial,
mas como um estado de liberdade.
Andrés De Nuccio
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