Há momentos em que observar a mente parece impossível. Pensamentos surgem e desaparecem tão rápido que, quando tentamos acompanhá-los, já fomos engolidos pela história. O corpo reage antes que consigamos entender o que está acontecendo. O humor muda sem aviso. O peito aperta. Os ombros sobem. A respiração perde ritmo.

Existe um instante quase invisível entre o que sentimos e o que fazemos. Um intervalo tão breve que a maioria das pessoas nunca o percebe, mas que é tão poderoso que pode mudar o rumo de uma conversa, de um relacionamento, de uma vida inteira. Esse instante não tem nome no cotidiano. É apenas… um espaço.

Há momentos em que a mente parece uma sala cheia de pessoas falando ao mesmo tempo: memórias, preocupações, ideias soltas, listas de tarefas, diálogos imaginários, tudo se empurrando para ocupar o centro do palco. Nesses dias, buscamos silêncio como quem procura uma saída de emergência.

Você já esteve em meio a uma roda de amigos, com conversas alegres e familiaridade no ar, mas sentindo, por dentro, que algo não se encaixava? Como se a alegria fosse real para todos, menos para você. O riso estava lá, mas não ressoava. A proximidade estava lá, mas você permanecia distante.

Você já percorreu um longo caminho. Retiros, práticas, livros, insights. Momentos de presença real, vivências profundas, lágrimas de entendimento. E ainda assim… o chão não parece firme. A paz é intensa — mas passageira. A clareza vem — e se vai. E, quando tudo passa, o velho incômodo volta: “Por que, com tanto esforço, ainda não cheguei lá?”