Não consigo meditar. Você não está errando. Está apenas interpretando de forma apressada.
- Andrês De Nuccio
- 16 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 24 minutos
Você não está errando. Está apenas interpretando de forma apressada.

É algo que se repete com frequência desconcertante: alguém senta para meditar, passa alguns minutos em silêncio, e sai da experiência convencido de que falhou.
A mente estava inquieta, o corpo impaciente, os pensamentos pareciam atravessar como uma avenida em horário de pico.
A conclusão vem rápida: “Não consigo. Isso não é pra mim.”
Mas talvez o equívoco não esteja naquilo que foi sentido… e sim na forma como foi interpretado.
A expressão “conseguir meditar” já chega carregada. Não consigo meditar ...
Há um peso embutido nessa frase que costuma passar despercebido.
"Não consigo meditar"
“Conseguir meditar” - como se houvesse um desempenho ideal, um estado mental a ser atingido, um grau aceitável de silêncio interno que marcaria o sucesso da prática.
Só que meditar não é vencer uma prova de controle. Não é cruzar uma linha de chegada invisível.
A meditação começa justamente no momento em que se abandona a tentativa de forçar um estado. Ela se inicia onde o barulho ainda está presente - e mesmo assim, é possível escutar.
Nem sempre é agitação. Às vezes, é só percepção.
Quando a mente parece estar mais agitada do que nunca, é comum pensar que a prática “deu errado”.
Mas será que o barulho aumentou? Ou será que, pela primeira vez em dias, semanas ou meses, ele pôde ser escutado sem distração?
Esse detalhe muda tudo.
A prática não inventa o caos.
Ela apenas revela o que estava abafado.
O que parece desorganização pode ser o exato ponto de partida de uma reorganização mais profunda.
A meditação não foi feita para entregar o que se exige dela
Ao longo dos anos, fica claro que muito do sofrimento na meditação nasce das expectativas irreais colocadas sobre ela.
Espera-se que ela traga calma instantânea.
Que silencie a mente.
Que transforme, em poucos minutos, o clima interno.
Mas essa não é sua função principal.
Meditar é encontrar-se com o que está.
Não para julgar. Nem para afastar.
Mas para conhecer de perto.
O encontro com a mente não é sempre bonito.
Mas é nesse contato direto, sem maquiagem, que nasce a possibilidade de mudança real.
É constância, não perfeição, que faz o caminho florescer.
A prática não exige que se esteja pronto.
Ela não pede excelência.
Pede presença.
Não se trata de “dar conta”. Trata-se de sentar com honestidade.
Um fio de lucidez por dia.
Um instante de silêncio entre dois pensamentos.
Nada disso parece grandioso - mas é exatamente aí que a transformação começa.
A escuta é o que transforma
A meditação, em sua essência mais viva, é um gesto de escuta.
E escutar, com verdade, é um dos atos mais potentes que existem.
Porque quem escuta sem pressa, sem se defender, acaba vendo com outros olhos, acaba compreendendo, e, sem alarde, vai mudando a si mesmo, a também o mundo.
Andrés De Nuccio
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